Ela virou o rosto e viu uma foto bem na beiradinha da cama, quase caindo, quase desaparecendo. Esticou o braço e a pegou antes que se fosse, e era a foto favorita de vocês, entre tantas fotografias essa fora tão especial, a primeira tirada, onde ainda havia um constrangimento hilariante, ficou encarando a fotografia com tanta sensibilidade, o que ela mesma sentia naquele momento, e como você havia prometido ficar com ela para sempre. Ela acreditou que esqueceria pois a raiva que sentia era tão grande, e você a conhecia o suficiente para saber o quanto de orgulho cabia naquele corpinho tão pequeno, mas ela ainda pensa em você, ainda vive você, ainda existe vocês!
Desde que essa fagulha desesperadora reapareceu a estabilidade emocional está pendendo, ela sabe que não será capaz de terminar essa carta, e que nunca a enviaria. Senta na cama, a na frente o espelho mostra o vislumbre da antiga menina que vivia uma felicidade e não foi capaz de a proteger, agora a maturidade está lhe trazendo infelicidade em parcelas. Os papeis jogados no chão lhe mostram que não será fácil escrever, então pega a foto e coloca no envelope de envio, talvez apenas uma imagem seja capaz de transmitir tudo que precisa ser dito.